quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sua vida nas suas mãos

Quando você mata algo dentro de você, algo que faz parte do seu eu, ficam as marcas deste assassinato. Restrospectivas surpresas, lapsos de momentos, sensações sem nome... daquelas que ficam entre o alívio, a saudade e a anestesia.
Tente provar a você que sua vida está nas suas mãos, nas suas escolhas e de repente você se verá num cubículo de 3m² com toda parte interna te cutucando pra ser renovada, pra ser posta em seu lugar, gravações de idéias mil sendo soltas ao mesmo tempo, ou seleciona que voz quer ouvir; ou n ouve nenhuma e volta a errar; ou treina o ouvido pra prestar atenção em tudo simultaneamentee aí sim...quase enlouquecer!

*Com ouvido apurado*

Metástase




Se já está nas entranhas, de que adiantam as batalhas externas?
Assim como um vírus, com remédios que amenizam por alguns instantes, a cada dia dominando mais o corpo até chegar ao ponto de não sair mais do cérebro, porque o resto todo já foi tomado há mt tempo.
Entrou pelos olhos, escorregou pelas palavras, desceu pelo estômago e veio o frio na barriga, desviou o caminho e resolveu parar um tempo no coração pra dar arritmia cardíaca, paradas respiratórias, então decidiu ir para os pulmões virar seu próprio ar, devaneou por ali, pensou até estar voando alguns momentos; não contente correu pro cérebro e lá se instalou com uma ligação direta ao coração, causando surtos, delírios, planos, se impregnando nos pensamentos a todo momento...
Essa metástase que corrói a cada dia, é, ela se veste...IN VESTE numa fantasia, cava a tal esperança, se pega em imaginações surreais, aí chega até a questionar a realidade, os porques, os quandos, quantos, e principalmente, as reticências com ponto de interrogação " ... ? "

Tingir você


Já quis lhe tingir de preto pra você sumir no escuro
de amarelo pra te achar abatido de saudade
de vermelho pra imaginar que está envergonhado de ter demorado tanto pra perceber
de azul pra te encontrar no céu qdo eu fosse olhar as nuvens
de cinza pra achar que você está nublado também
de laranjado pq eu n gosto dessa cor
mas já tingi de verde que é minha cor predileta
e percebi que você é branco: a junção de todas as cores...

Montanha russa - a vida




se ela falasse eu não entenderia uma palavra, mas ao entrar nela entendo seu funcionamento...o que não anula o fato dela me surpreender...
qdo vem uma curva
um looping
uma descida repentina em alta velocidade, contrapondo com o vento no rosto e o alívio
uma subida com calma e clima de suspense
o frio da barriga em vários momentos
o medo em outros
e quando ela pára...
ah eu quero ir de novo...mas não será repetir...pq agora já sei onde fica a curva, já sei onde fica o looping, a subida, a descida, onde e quando sinto medo, descobri que adoro o frio na barriga !!!
e olha ainda tem várias montanhas russas diferentes pra ir ...
e vamos lá...encarar a fila, q é sempre a maior...q ironia !

Cuidando dos meus ângulos

Já virei 360º e aprendi que retornar ao mesmo começo é repetir o mesmo final.

Aí decidi que tentaria 180º e percebi que ir de um extremo ao outro não me traz a solução, de imediato até parece ser, mas o tempo mostra que é preciso haver um equilíbrio ou talvez passos mais lentos para ir de um ponto a outro tão distante.

Resolvi trocar o ângulo de visão, dar uma chance a outros pontos de vista, outras perspectivas, foi então que surgiram muitas descobertas interessantes que estavam sempre visíveis, mas somente pra quem quer enxergar. E desde então meus ângulos mudam naturalmente, sem necessidade de ir atrás de um compasso, tenho um dentro de mim funcionando na velocidade que meu coração pulsa.

Frustração


Me vi diante do momento que minha vida faria uma curva e subiria rumo ao topo da serra ou continuaria pela estrada em linha reta. Eu ali diante do momento decisivo, um frio na barriga como aquele quando o avião alça vôo, o medo sendo misturado com a confiança supostamente inabalável. Eu que por dias incessantes me empenhei, dei o meu melhor, estava ali carregando toneladas de esperança e desejo para saber qual o próximo passo. E de repente o que havia possibilidade, que aliás eu procurava nem pensar muito pra não atrair, já que acredito que os pensamentos carregam energias, aconteceu. Fiquei por instantes com uma bolha dentro do estômago, estática, inerte, inerente, poucos minutos depois frustrada com choro entalado na garganta, tentando repetir pra mim mesma mentalmente: “eu já sabia que existia essa possibilidade, deus sabe o que faz” , tal pensamento que conflitava com: “ mas poxa me dediquei tanto, dei todo meu melhor, não fui merecedora?” . O tempo foi passando e finalmente desabei, precisava tirar aquele choro entalado de dentro de mim para poder sorrir novamente, sentir aquele alívio de quando algo preso é solto. E lá estava eu, no meio da sala num choro tímido, parada e apenas as lágrimas escorrendo, como algo extremamente natural que não se pode controlar, esperando o momento em que elas simplesmente parassem para eu poder lavar o rosto e seguir em frente. E elas cessaram, pus-me a lavar o rosto e ao em olhar no espelho descobri qual a face da frustração, uma mistura de tristeza, desapontamento, indignação, uma expressão quase vazia, mas muito carregada de sentimentos. Não me permito manter sentimentos tristes por muito tempo, é o tipo de coisa que não se pode alimentar, tem que morrer de fome!

Meu quebra-cabeça



Por dentro possuo um quebra-cabeça, de peças complexas, de cores diferentes. Vou seguindo a vida tentando encaixá-las. Na infância montei as bordas com minha família, afinal a gente sempre começa montando as bordas para poder ter noção do tamanho real, do formato e facilitar a possibilidade de encaixar várias peças a partir daí. Desde então, a cada acontecimento, aprendizado, pessoa que fizesse parte da minha vida eu iria encaixar. Quando chegam esses momentos pego aquela peça única e vou vendo aonde ela se encaixa, vou testando até que acho seu lugar. Algumas peças eu já encaixei erroneamente porque pareciam caber naquele lugar, mas ao continuar montando acabei percebendo que me equivoquei. Não passa pela minha cabeça pegar uma peça e deixá-la para encaixar depois, sempre faço questão de colocá-la em seu lugar o quanto antes. Aliás, amo quebra-cabeças!


Desconheço se ao final da minha vida não faltarão peças ou qual a imagem que terei formado, mas mesmo assim não paro de montá-lo. Um desconhecido muito íntimo que algumas vezes me faz quebrar muito a cabeça.

Você não SOUBE me amar

Certo dia atrás estava em um bar com uma amiga me divertindo quando prestei atenção na letra da música que dizia: “Você não soube me amar”

Aquela frase me chamou muita atenção pelo fato de usar o verbo saber. Poderia seguir o clichê daqueles que resolvem achar que depois de muito tempo juntos (não tempo de dias, porque pra mim o tempo não se mede em dias nem horas) “você NUNCA me amou”...

Aos meus ouvidos “você não SOUBE” é algo que dói ouvir...ainda mais em se tratando de amor. É como se eu estivesse ali o tempo todo, mas você não soube me amar. Não saber algo já é uma situação incômoda, não saber amar é algo cruel. Tudo bem que nada na vida a gente nasce sabendo, e amor não tem manual pra ninguém, não tem regras, leis, regulamentos ... segue o princípio da tentativa: tem que passar pra saber como é, como faz...ainda assim podemos tentar SABER amar o resto da vida e não desvendar todos os seus mistérios. O que o torna extremamente instigante, pois sempre haverá algo a ser descoberto sobre ele, através dele e por ele.

Você é o que você come



Adoro ir fazer compras no supermercado com muito tempo livre, para poder passar por todas as gôndolas, ver a variedade, as novidades. Escolher com calma os produtos que levarei. Mas um momento que eu adoro é a hora de passar no caixa, observo as escolhas alheias e é possível ali naquele momento voyeur descobrir algumas coisas sobre as pessoas, se elas têm animal e tão comprando ração, se vão fazer cachorro-quente ou macarronada, se têm família grande, se gostam de algo que você não gosta ou têm gosto similar e por aí vai.


Aí me peguei pensando naquela frase: “você é o que você come”. Olhei pro meu carrinho e fui ver o que eu era então e comecei a imaginar o que cada produto me significava:


Ingredientes para fazer quibe: adoro o fato de ele ser prático e fácil de fazer.


Um vinho tinto suave de mesa: para relaxar enquanto cozinho e espero o quibe assar.


Limões: para espremer em cima do quibe na hora de comer e dar aquele azedinho.


Ingredientes para fazer mousse de limão: também muito prático e fácil de fazer. A mistura do azedo com doce.


Um pacote de chá verde com gengibre e limão: porque queria experimentar essa mistura.


Um pacote de toddynho: porque toda vez que tomo me sinto criança de novo.


Milho de pipoca: nas tardes e noites a toa adoro assistir filme comendo pipoca.


Leite e café solúvel: adoro café com leite de manhã, me faz sentir confortável.


E constatei que realmente aquilo que comemos diz muito sobre nós. Basta parar para reparar. Adoro praticidade, relaxar, experimentar, me sentir criança, misturar o doce com azedo, assistir filmes e é possível perceber tudo isso apenas observando meu carrinho de compras no supermercado.


Sapato Mágico



Eu adoro observar lugares, pessoas, atitudes, olhares, paisagens, tudo, todos os detalhes. E um dia comecei a observar como as mulheres de salto alto se portam. E descobri que alguns centímetros podem se tornar metros de alta auto-estima e confiança. Aquela sensação de subir em cima do salto que proporciona psicologicamente: poder. Fiquei imaginando como essa válvula de escape, como esse objeto de desejo feminino tem grande influência e instantes de solução pra vida de muitas pessoas. E é claro pensei também nas exceções, aquelas que usam salto todos os dias, o dia inteiro e já se tornou um hábito, que ou podem ter aceitado aquela condição de poder e ter agregado pra sua vida, ou apenas já não faz mais o efeito é somente um calçado bonito que combina com seu visual. Aí comecei a devanear, se eu pudesse dar um sapato mágico desses às pessoas inseguras, aquelas que se subestimam, que colocam o medo a frente de tudo, àquelas pessoas que merecem a sensação de poder, de confiança. E fui mais longe, imaginei poder dar sapatos de solado baixo quase rente ao chão para os arrogantes, para aqueles que se acham melhores que todos, mas não para rebaixá-los, mas sim para redimi-los. Se houvesse esse tal sapato mágico com certeza ele teria todas as cores do mundo, todos os formatos em um só, feito de todos os materiais, e simbolizaria a união te todos os calçados já vistos, pois assim poderia agradar a todos os gostos, um pouco de cada um. Apesar de que teriam pessoas que não gostariam dele por não ser exclusivo, ou porque ele tem muita informação junto ou simplesmente pode olhar e dizer:


"ah, não gosto de salto alto"


"eu já sou muito alta, então prefiro sapatos baixos"


"salto alto machuca meu pé"


"não estou acostumada a usar"


Mas aposto que se ele fosse sempre mágico não haveria uma pessoa que não iria querer um, pois quando convém você releva que machuca, abdica um pouco do seu gosto preferido e às vezes passa até a achá-lo lindo pelo sentido que ele tem pra você.