Me vi diante do momento que minha vida faria uma curva e subiria rumo ao topo da serra ou continuaria pela estrada em linha reta. Eu ali diante do momento decisivo, um frio na barriga como aquele quando o avião alça vôo, o medo sendo misturado com a confiança supostamente inabalável. Eu que por dias incessantes me empenhei, dei o meu melhor, estava ali carregando toneladas de esperança e desejo para saber qual o próximo passo. E de repente o que havia possibilidade, que aliás eu procurava nem pensar muito pra não atrair, já que acredito que os pensamentos carregam energias, aconteceu. Fiquei por instantes com uma bolha dentro do estômago, estática, inerte, inerente, poucos minutos depois frustrada com choro entalado na garganta, tentando repetir pra mim mesma mentalmente: “eu já sabia que existia essa possibilidade, deus sabe o que faz” , tal pensamento que conflitava com: “ mas poxa me dediquei tanto, dei todo meu melhor, não fui merecedora?” . O tempo foi passando e finalmente desabei, precisava tirar aquele choro entalado de dentro de mim para poder sorrir novamente, sentir aquele alívio de quando algo preso é solto. E lá estava eu, no meio da sala num choro tímido, parada e apenas as lágrimas escorrendo, como algo extremamente natural que não se pode controlar, esperando o momento em que elas simplesmente parassem para eu poder lavar o rosto e seguir em frente. E elas cessaram, pus-me a lavar o rosto e ao em olhar no espelho descobri qual a face da frustração, uma mistura de tristeza, desapontamento, indignação, uma expressão quase vazia, mas muito carregada de sentimentos. Não me permito manter sentimentos tristes por muito tempo, é o tipo de coisa que não se pode alimentar, tem que morrer de fome!